Delimitado pelo Oceano Atlântico a leste, o Brasil tem um litoral de mais de 7 491 km.[10] É limitado a norte pela Venezuela, Guiana, Suriname e pelo departamento ultramarino francês da Guiana Francesa; a nordeste pela Colômbia; a oeste pela Bolívia e Peru; a sudoeste pela Argentina e Paraguai e ao sul pelo Uruguai. Vários arquipélagos formam parte do território brasileiro, como Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Penedos de São Pedro e São Paulo e Trindade e Martim Vaz. O país faz fronteira com todos os outros países sul-americanos, exceto Equador e Chile.[10]
O Brasil foi uma colônia do Império Português desde o desembarque de Pedro Álvares Cabral em 1500 até 1815, quando se tornou um reino unido com Portugal. O vínculo colonial foi, de fato, quebrado em 1808, quando a capital do Reino Português foi transferida de Lisboa para o Rio de Janeiro, depois de Napoleão invadir Portugal.[11] A independência do Brasil, foi alcançada em 1822. Inicialmente independente como Império do Brasil, o país se tornou uma república em 1889, embora a legislatura bicameral, agora chamada de Congresso, remonte à ratificação da primeira Constituição em 1824.[11] A sua Constituição atual define o Brasil como uma república federativa presidencialista.[9] A Federação é formada pela união do Distrito Federal, os 26 estados e os 5 564 municípios.[9][12]
A economia brasileira é a maior da América Latina, a oitava maior do mundo por PIB nominal[13] e a sétima maior por paridade de poder de compra.[14] O Brasil é uma das principais economias com mais rápido crescimento econômico no mundo e as reformas econômicas deram ao país novo reconhecimento internacional, seja em âmbito regional ou global.[15][16] O país é membro fundador da Organização das Nações Unidas, G20, CPLP, União Latina, Organização dos Estados Americanos, Organização dos Estados Ibero-americanos, Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas, além de ser um dos países BRIC. O Brasil também é o lar de uma diversidade de animais selvagens, ambientes naturais e de vastos recursos naturais em uma grande variedade de habitats protegidos.[10]
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Etimologia
Antes de ficar com a designação atual, "Brasil", as novas terras descobertas foram designadas de: Monte Pascoal (quando os portugueses avistaram terras pela primeira vez), ilha de Vera Cruz, Terras de Santa Cruz, Nova Lusitânia, Cabrália, etc. Em 1967, com a primeira Constituição da ditadura militar, o Brasil passou a chamar-se República Federativa do Brasil, nome que a Constituição de 1988 conserva até hoje. Antes, na época do império, era Império do Brasil e depois, com a proclamação da República, Estados Unidos do Brasil.[18]
Os habitantes naturais do Brasil são denominados brasileiros, cujo gentílico é registrado em português a partir de 1706[19] que se referia inicialmente apenas aos que comercializavam pau-brasil.[20] Entretanto, foi apenas em 1824, na primeira constituição brasileira,[21] que o gentílico "brasileiro" passou legalmente a designar as pessoas naturais do Brasil. Há ainda a possibilidade do uso de outros gentílicos como brasiliano, brasílico, brasiliense e brasílio para designar os naturais da República Federativa do Brasil.[19]
História
Período pré-colonial, colonização portuguesa e expansão territorial
A população ameríndia era repartida em grandes nações indígenas compostas por vários grupos étnicos entre os quais se destacam os grandes grupos tupi-guarani, macro-jê e aruaque. Os primeiros eram subdivididos em guaranis, tupiniquins e tupinambás, entre inúmeros outros. Os tupis se espalhavam do atual Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte de hoje.[24] Segundo Luís da Câmara Cascudo,[25] os tupis foram "a primeira raça indígena que teve contato com o colonizador e (...) decorrentemente a de maior presença, com influência no mameluco, no mestiço, no luso-brasileiro que nascia e no europeu que se fixava". A terra agora chamada Brasil (nome cuja origem é contestada) foi reivindicada por Portugal em abril de 1500, com a chegada da frota portuguesa comandada por Pedro Álvares Cabral.[26] O português encontrou nativos da Idade da Pedra divididos em várias tribos, a maioria das quais compartilhavam a mesma família linguística, o Tupi-Guarani, e lutaram entre si.[27]
A colonização foi efetivamente iniciada em 1534, quando D. João III dividiu o território em doze capitanias hereditárias,[28][29] mas esse arranjo era problemático e em 1549 o rei atribuiu um governador-geral para administrar toda a colônia.[29][30] Os portugueses assimilaram algumas das tribos nativas,[31] enquanto outras foram escravizadas ou exterminadas em longas guerras ou por doenças europeias para as quais não tinham imunidade.[32][33] Em meados do século XVI, o açúcar tornou-se o mais importante produto de exportação do Brasil[27][34] e escravos africanos começaram a ser trazidos pelos portugueses[35][36] para lidar com a crescente demanda internacional.[32][37]
Através de guerras contra os franceses, os portugueses lentamente expandiram seu território para o sudeste, tomando o Rio de Janeiro, em 1567, e para o noroeste, tomando São Luís em 1615.[38] Eles enviaram expedições militares para a Amazônia e conquistaram fortalezas britânicas e holandesas, fundando aldeias e fortalezas em 1669.[39] Em 1680 eles chegaram ao extremo sul e fundaram a Colônia do Sacramento, na margem do Rio da Prata, na região da Faixa Oriental (atual Uruguai).[40]
No final do século XVII as exportações de açúcar começaram a diminuir,[41] mas a descoberta de ouro por exploradores da região que mais tarde seria chamada de Minas Gerais, em torno de 1693, e nas décadas seguintes nos atuais Mato Grosso e Goiás, salvaram a colônia de um colapso econômico iminente.[42] De todo o Brasil, bem como de Portugal, milhares de imigrantes vieram para as minas.[43] Os espanhóis tentaram impedir a expansão dos portugueses para o território que lhes pertencia de acordo com o Tratado de Tordesilhas de 1494, e conseguiram reconquistar a Faixa Oriental em 1777. No entanto, essa conquista foi em vão, visto que o Tratado de San Ildefonso, assinado no mesmo ano, confirmou a soberania portuguesa sobre todas as terras provenientes da sua expansão territorial, criando assim a maior parte das atuais fronteiras brasileiras.[44]
Em 1808, a família real portuguesa, fugindo das tropas do imperador francês Napoleão Bonaparte, que estavam invadindo Portugal e a maior parte da Europa Central, estabeleceram-se na cidade do Rio de Janeiro, que assim se tornou a sede do Império Português.[45] Em 1815, Dom João VI, então regente em nome de sua mãe incapacitada, elevou o Brasil de colônia a Reino soberano unido com Portugal.[45] Em 1809, os portugueses invadiram a Guiana Francesa (que foi devolvida à França em 1817)[46] e em 1816, a Faixa Oriental, foi posteriormente rebatizada para Cisplatina.[47]
Independência e império
Naquele tempo quase todos os brasileiros eram a favor de uma monarquia e o republicanismo teve pouco apoio.[52][53] A subsequente Guerra da independência do Brasil propagou-se por quase todo o território, com batalhas nas regiões norte, nordeste e sul.[54] Os últimos soldados portugueses renderam-se em 8 de março de 1824[55] e a independência foi reconhecida por Portugal em 29 de agosto de 1825.[56]
A primeira constituição brasileira foi promulgada em 25 de março de 1824, após a sua aceitação pelos conselhos municipais de todo o país.[57][58][59][60] D. Pedro I abdicou em 7 de abril de 1831 e foi para a Europa para recuperar a coroa de sua filha, deixando para trás seu filho de cinco anos e herdeiro, que viria a ser Dom Pedro II.[61] Como o novo imperador não pôde exercer suas prerrogativas constitucionais até atingir a maturidade, a regência foi criada.[62] Disputas entre facções políticas levaram a rebeliões e uma instável, quase anárquica, regência.[63] As facções rebeldes, no entanto, não estavam em revolta contra a monarquia,[64][65] embora algumas declarassem a secessão das províncias como repúblicas independentes, mas só enquanto Pedro II era menor de idade.[66] Devido a isso, D. Pedro II foi declarado imperador prematuramente e "o Brasil desfrutou de quase meio século de paz interna e progresso material rápido."[67]
O Brasil ganhou três guerras internacionais durante os 59 anos de reinado de Pedro II (a Guerra do Prata, a Guerra do Uruguai e da Guerra da Tríplice Aliança)[68] e testemunhou a consolidação da democracia representativa, principalmente devido à realização de eleições sucessivas, e irrestrita liberdade de imprensa.[69] A escravidão foi extinta após um lento, mas constante, processo, que começou com o fim do tráfico internacional de escravos em 1850[70] e terminou com a abolição da escravatura em 1888.[71] A população escrava estava em declínio desde a independência do Brasil: em 1823, 29% da população brasileira era composta por escravos, enquanto em 1887 o percentual havia caído para 5%.[72]
Quando a monarquia foi derrubada em 15 de novembro de 1889,[73] houve pouca vontade no Brasil para mudar a forma de governo[74] e D. Pedro II estava no auge de sua popularidade entre seus súditos.[75][76] No entanto, ele "foi o principal, talvez o único, a responsável pela sua própria derrubada."[77] Após a morte de seus dois filhos, D. Pedro II acredita que "o regime imperial estava destinado a terminar com ele."[78] Ele pouco se importava com o destino do regime[79][80] e por isso não fez nada, nem permitiu que outra pessoa fizesse algo, para evitar o golpe militar, apoiado por antigos proprietários de escravos que se ressentiam da abolição da escravatura.[81][82][83]
República Velha e Era Vargas
Na década de 1920 o país era assolado por diversas rebeliões causadas por jovens oficiais militares.[86][87] Em 1930, o regime foi enfraquecido e desmoralizado, o que permitiu que o derrotado candidato presidencial Getúlio Vargas alcançasse o poder através de um golpe e assumisse a presidência.[88] Vargas deveria assumir a presidência temporariamente, mas em vez disso, ele fechou o Congresso Nacional, extinguiu a Constituição, governou com poderes de emergência e substituiu os governadores dos estados por seus partidários.[89][90] Em 1935, os comunistas se rebelaram em todo o país e fizeram uma tentativa mal sucedida para chegar ao poder.[91] A ameaça comunista, no entanto, serviu como pretexto para Vargas lançar outro golpe de Estado em 1937 e o Brasil tornou-se uma ditadura completa.[92][93] A repressão da oposição foi brutal, com mais de vinte mil pessoas presas, campos de concentração criados para os presos políticos em regiões distantes do país, prática generalizada de tortura pelos agentes do governo e repressão e censura à imprensa.[94][95]
O Brasil manteve-se neutro durante os primeiros anos da Segunda Guerra Mundial até o governo declarar guerra contra as Potências do Eixo, em 1942.[96] Vargas então forçou imigrantes alemães, japoneses e italianos em campos de concentração[97] e, em 1944, enviou tropas para os campos de batalha na Itália.[98][99] Com a vitória aliada em 1945 e o fim do regime nazi-fascista na Europa, a posição de Vargas tornou-se insustentável e ele foi rapidamente deposto por um golpe militar.[100] A democracia foi restabelecida e o General Eurico Gaspar Dutra foi eleito presidente, tomando posse em 1946.[101] Vargas voltou ao poder em 1951, desta vez, democraticamente eleito, mas ele foi incapaz de governar sob uma democracia ou de lidar com uma oposição ativa, cometendo suicídio em 1954.[102][103]
Regime militar e era contemporânea
O novo regime se destinava a ser transitório,[111] mas, cada vez mais fechado em si mesmo, se tornou uma ditadura plena com a promulgação do Ato Institucional Nº 5 em 1968.[112] A repressão de opositores da ditadura, incluindo a guerrilha urbana,[113] foi dura, mas não tão brutal como em outros países da América Latina.[114] Devido ao extraordinário crescimento econômico, conhecido como um "milagre econômico", o regime atingiu seu mais alto nível de popularidade nos anos de maior repressão.[115]
O General Ernesto Geisel assumiu a presidência em 1974 e começou seu projeto de redemocratização através de um processo que, segundo ele seria "lento, gradual e seguro."[116][117] Geisel acabou com a indisciplina militar que havia assolado o país desde 1889,[118] bem como a tortura de presos políticos, censura à imprensa[119] e, finalmente, a própria ditadura, depois de extinto o Ato Institucional Nº 5 em 1978.[112] No entanto, o regime militar continuou, com o seu sucessor escolhido General João Figueiredo, para completar a transição para uma democracia plena.[120] Os civis voltaram totalmente ao poder em 1985, quando José Sarney assumiu a presidência,[121] mas, até ao final de seu mandato, ele tinha se tornado extremamente impopular devido à crise econômica e a incontrolável e invulgarmente elevada inflação.[122] O mal-sucedido governo de Sarney permitiu a eleição, em 1989, do quase desconhecido Fernando Collor, que posteriormente foi deposto pelo Congresso Nacional em 1992. Collor foi sucedido pelo seu vice-presidente, Itamar Franco, que nomeou Fernando Henrique Cardoso como Ministro da Fazenda.[123]
Cardoso criou o bem sucedido Plano Real,[nota 3] que trouxe estabilidade para a economia brasileira.[124] Fernando Henrique Cardoso foi eleito como presidente em 1994 e novamente em 1998.[125] A transição pacífica de poder para Luiz Inácio Lula da Silva, que foi eleito em 2002 e reeleito em 2006, mostrou que o Brasil finalmente conseguiu alcançar a sua, há muito procurada, estabilidade política.[126] Em 2010, Dilma Rousseff tornou-se a primeira mulher eleita presidente, sendo também a segunda pessoa a chegar à presidência sem nunca antes ter disputado uma eleição. Com a eleição dela, Lula se tornou o primeiro presidente a eleger seu sucessor na plenitude democrática.[127]
Geografia
O Brasil é o quinto maior país do mundo, depois da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos, e o terceiro maior das Américas, com uma área total de 8 514 876,599 km²,[1] incluindo 55 455 km² de água.[10] Seu território abrange três fusos horários, a partir de UTC−4 nos estados ocidentais, a UTC−3 nos estados do leste (e hora oficial do Brasil) e UTC−2 nas ilhas do Atlântico.[130]
A topografia brasileira também é diversificada e inclui morros, montanhas, planícies, planaltos e cerrados. Grande parte do terreno se situa entre 200 metros e 800 metros de altitude.[131] A área principal de terras altas ocupa mais da metade sul do país.[131] As partes noroeste do planalto são compostas por terreno, amplo rolamento quebrado por baixo e morros arredondados.[131] A seção sudeste é mais robusta, com uma massa complexa de cordilheiras e serras atingindo altitudes de até 1 200 metros.[131] Esses intervalos incluem a serra da Mantiqueira, a serra do Espinhaço e a serra do Mar.[131] No norte, o Planalto das Guianas constituem um fosso de drenagem principal, separando os rios que correm para o sul da Bacia Amazônica dos rios que desaguam no sistema do rio Orinoco, na Venezuela, ao norte. O ponto mais alto no Brasil é o Pico da Neblina, na serra do Imeri (fronteira com a Venezuela) com 2 994 metros e o menor é o Oceano Atlântico.[10]
O Brasil tem um sistema denso e complexo de rios, um dos mais extensos do mundo, com oito grandes bacias hidrográficas, que drenam para o Atlântico.[132] Os rios mais importantes são o Amazonas (o maior rio do mundo tanto em comprimento - 6 937,08 km de extensão - como em termos de volume de água - vazão de 12,5 bilhões de litros por minuto), o Paraná e seu maior afluente, o Iguaçu (que inclui as Cataratas do Iguaçu), o Negro, São Francisco, Xingu, Madeira e Tapajós.[132]
Clima
O clima equatorial caracteriza grande parte do norte do Brasil. Não existe uma estação seca real, mas existem algumas variações no período do ano em que mais chove.[133] Temperaturas médias de 25°C,[135] com mais variação de temperatura significativa entre a noite e o dia do que entre as estações.[134] As chuvas no Brasil central são mais sazonais, característico de um clima de savana.[134] Esta região é tão extensa como a bacia amazônica, mas tem um clima muito diferente, já que fica mais ao sul, em uma altitude inferior.[133] No interior do nordeste, a precipitação sazonal é ainda mais extrema. A região de clima semiárido geralmente recebe menos de 800 milímetros de chuva,[136] a maioria do que geralmente cai em um período de três a cinco meses no ano[137] e, por vezes menos do que isso, a criação de longos períodos de seca.[134] A "Grande Seca" de 1877–78 no Brasil, a mais grave já registrada no país,[138] causou cerca de meio milhão de mortes.[139] Outra em 1915 foi devastadora também.[140]
No sul da Bahia, perto de São Paulo, a distribuição de chuva muda, com chuva caindo ao longo do ano.[133] O Sul e parte do Sudeste possuem condições de clima temperado, com invernos frescos e temperatura média anual não superior a 18 °C;[135] geadas de inverno são bastante comuns, com ocasional queda de neve nas áreas mais elevadas.[133][134]
Meio ambiente
A rica vida selvagem do Brasil reflete a variedade de habitats naturais. Os cientistas estimam que o número total de espécies vegetais e animais no Brasil seja de aproximadamente de quatro milhões.[144] Grandes mamíferos incluem pumas, onças, jaguatiricas, raros cachorros-vinagre, raposas, queixadas, antas, tamanduás, preguiças, gambás e tatus. Veados são abundantes no sul e muitas espécies de platyrrhini são encontradas nas florestas tropicais do norte.[144][145] A preocupação com o meio ambiente tem crescido em resposta ao interesse mundial nas questões ambientais.[146]
O patrimônio natural do Brasil está seriamente ameaçado pela pecuária e agricultura, exploração madeireira, mineração, reassentamento, extração de petróleo e gás, a sobrepesca, comércio de espécies selvagens, barragens e infraestrutura, contaminação da água, alterações climáticas, fogo e espécies invasoras.[143] Em muitas áreas do país, o ambiente natural está ameaçado pelo desenvolvimento.[147] A construção de estradas em áreas de floresta, tais como a BR-230 e a BR-163, abriu áreas anteriormente remotas para a agricultura e para o comércio; barragens inundaram vales e habitats selvagens; e minas criaram cicatrizes na terra e poluíram a paisagem.[146][148]
Demografia
A população do Brasil aumentou significativamente entre 1940 e 1970, devido a um declínio na taxa de mortalidade, embora a taxa de natalidade também tenha passado um ligeiro declínio no período. Na década de 1940 a taxa de crescimento anual da população foi de 2,4%, subindo para 3,0% em 1950 e permanecendo em 2,9% em 1960, com a expectativa de vida subiu de 44 para 54 anos[152] e para 72,6 anos em 2007.[153] A taxa de aumento populacional tem vindo a diminuir desde 1960, de 3,04% ao ano entre 1950–1960 para 1,05% em 2008 e deverá cair para um valor negativo, de −0,29%, em 2050,[154] completando assim a transição demográfica.[155]
As maiores áreas metropolitanas do Brasil são São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte – todas na região Sudeste – com 19,5, 11,5 e 5,1 milhões de habitantes, respectivamente.[156] Quase todas as capitais são as maiores cidades de seus estados, com exceção de Vitória, capital do Espírito Santo, e Florianópolis, a capital de Santa Catarina. Existem também regiões metropolitanas não-capitais nos estados de São Paulo (Campinas, Santos e Vale do Paraíba), Minas Gerais (Vale do Aço), Rio Grande do Sul (Vale do Rio dos Sinos) e Santa Catarina (Vale do Itajaí).[157]
Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)[158] | Cidades mais populosas do Brasil|||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
São Paulo Rio de Janeiro | |||||||||||
Posição | Cidade | Estado | Pop. | Posição | Cidade | Estado | Pop. | Salvador Brasília | |||
1 | São Paulo | São Paulo | 11 244 369 | 11 | Belém | Pará | 1 392 031 | ||||
2 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | 6 323 037 | 12 | Goiânia | Goiás | 1 301 892 | ||||
3 | Salvador | Bahia | 2 676 606 | 13 | Guarulhos | São Paulo | 1 222 357 | ||||
4 | Brasília | Distrito Federal | 2 562 963 | 14 | Campinas | São Paulo | 1 080 999 | ||||
5 | Fortaleza | Ceará | 2 447 409 | 15 | São Luís | Maranhão | 1 011 943 | ||||
6 | Belo Horizonte | Minas Gerais | 2 375 444 | 16 | São Gonçalo | Rio de Janeiro | 999 901 | ||||
7 | Manaus | Amazonas | 1 802 525 | 17 | Maceió | Alagoas | 932 608 | ||||
8 | Curitiba | Paraná | 1 746 896 | 18 | Duque de Caxias | Rio de Janeiro | 855 046 | ||||
9 | Recife | Pernambuco | 1 536 934 | 19 | Teresina | Piauí | 814 439 | ||||
10 | Porto Alegre | Rio Grande do Sul | 1 409 939 | 20 | Natal | Rio Grande do Norte | 803 811 |
Etnias
Cor da pele ou Raça | Porcentagem (%) | |
---|---|---|
2000[159] | 2010[160][161] | |
Brancos | 53,7% | 47,3% |
Pretos | 6,2% | 7,6% |
Pardos | 38,5% | 43,1% |
Amarelos | 0,4% | 2,1% |
Ameríndios | 0,4% | 0,3% |
Não declarados | 0,7% | 0% |
A maioria dos brasileiros descendem de povos indígenas do país, colonos portugueses, imigrantes europeus e escravos africanos.[164] Desde a chegada dos portugueses em 1500, um considerável número de uniões entre estes três grupos foram realizadas. A população parda[165][166] é uma categoria ampla que inclui caboclos (descendentes de brancos e índios), mulatos(descendentes de brancos e negros) e cafuzos (descendentes de negros e índios).[164][165][166][167][168][169] Os pardos e mulatos formam a maioria da população nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.[170] A população mulata concentra-se geralmente na costa leste da região Nordeste, da Bahia à Paraíba[169][171] e também no norte do Maranhão,[172][173] sul de Minas Gerais[174] e no leste do Rio de Janeiro.[169][174] No século XIX o Brasil abriu suas fronteiras à imigração. Cerca de cinco milhões de pessoas de mais de 60 países migraram para o Brasil entre 1808 e 1972, a maioria delas de Portugal, Itália, Espanha, Alemanha, Japão e Oriente Médio.[23]
Idiomas
O português do Brasil teve o seu próprio desenvolvimento, influenciado pelas línguas ameríndias e africanas.[178] Como resultado, a língua é um pouco diferente, principalmente na fonologia, do idioma português de Portugal e de outros países lusófonos. Essas diferenças são comparáveis àquelas entre o inglês americano e o inglês britânico.[178] Em 2008, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que incluía representantes de todos os países com o Português como idioma oficial, chegaram a um acordo sobre a reforma do português em uma linguagem internacional, ao contrário dos dois divergentes dialetos da mesma língua. A todos os países da CPLP foi dado o prazo de 2009 até 2014 para se adaptarem as mudanças necessárias.[179]
As línguas minoritárias são faladas em todo o país. Cento e oitenta línguas indígenas são faladas em áreas remotas e diversas outras línguas são faladas por imigrantes e seus descendentes.[178] Há comunidades significativas de falantes do alemão (na maior parte o Hunsrückisch, um alto dialeto alemão) e italiano (principalmente o Talian, de origem veneziana) no sul do país, os quais, são influenciados pelo idioma português.[180][181]
Religiões
O catolicismo romano é a fé predominante no país. O Brasil possui a maior população católica do mundo.[185] De acordo com o Censo Demográfico de 2000, 73,57% da população segue o catolicismo romano; 15,41% o protestantismo; 1,33% espiritismo kardecista, 1,22% outras denominações cristãs; 0,31% religiões afro-brasileiras; 0,13% o budismo, 0,05% o judaísmo, 0,02% o Islã; 0,01% religiões ameríndias; 0,59% de outras religiões, não declarado ou indeterminado, enquanto de 7,35% não têm religião.[186]
Governo e política
Todos os membros do executivo e do legislativo são eleitos diretamente.[188][189][190] Juízes e outros funcionários judiciais são nomeados após aprovação em exames de entrada.[188] O voto é obrigatório para os alfabetizados entre 18 e 70 anos e facultativo para analfabetos e aqueles com idade entre 16 e 18 anos ou superior a 70 anos.[9] Juntamente com vários partidos menores, quatro partidos políticos destacam-se: o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), e Democratas (DEM). Quase todas as funções governamentais e administrativas são exercidas por autoridades e agências filiadas ao Executivo.[191]
A forma de governo é a de uma república democrática, com um sistema presidencial.[9] O presidente é o chefe de Estado e o chefe de governo da União e é eleito para um mandato de quatro anos,[9] com a possibilidade de reeleição para um segundo mandato consecutivo. Ele é o responsável pela nomeação dos ministros de Estado, que auxiliam no governo.[9] A atual presidente, Dilma Rousseff, foi eleita em 31 de outubro de 2010.[192].
As casas Legislativas de cada entidade política são a principal fonte de direito no Brasil. O Congresso Nacional é a legislatura bicameral da Federação, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Autoridades do Judiciário exercem funções jurisdicionais, quase exclusivamente.[187] Quinze partidos políticos estão representados no Congresso. É comum que os políticos mudem de partido e, assim, a proporção de assentos parlamentares detidos por partidos muda regularmente. Os maiores partidos políticos são o Partido dos Trabalhadores (PT), Democratas (DEM), Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB-centro), Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), Partido Progressista (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido Liberal (PL), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido Popular Socialista (PPS), Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido Comunista do Brasil (PCdoB).[193]
Lei
A jurisdição é administrada pelas entidades do poder judiciário, embora em situações raras a Constituição Federal permita que o Senado Federal interfira nas decisões jurídicas. Existem também jurisdições especializadas como a Justiça Militar, a Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral. O Tribunal mais alto é o Supremo Tribunal Federal. Este sistema tem sido criticado nas últimas décadas devido à lentidão com que as decisões finais são emitidas. Ações judiciais de recurso podem levar vários anos para se resolver e, em alguns casos, mais de uma década para expirar antes das decisões definitivas serem tomadas.[198]
Política externa
A atual política externa do Brasil é baseada na posição do país como uma potência regional na América Latina, um líder entre os países em desenvolvimento e uma superpotência mundial emergente.[203] A política externa brasileira em geral tem refletido multilateralismo, resolução de litígios de forma pacífica e não intervenção nos assuntos de outros países.[204] A Constituição brasileira determina também que o país deve buscar uma integração econômica, política, social e cultural com as nações da América Latina.[9][205][206][207]
Forças armadas
A Marinha do Brasil é responsável pelas operações navais e pela guarda das águas territoriais brasileiras. É a mais antiga das Forças Armadas brasileiras, possui o maior efetivo de fuzileiros navais da América Latina, estimado em 15 000 homens,[210] tendo o Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais como sua principal unidade.[211] A Marinha também possui um grupo de elite especializado em retomar navios e instalações navais, o Grupamento de Mergulhadores de Combate, unidade especialmente treinada para proteger as plataformas petrolíferas brasileiras ao longo de sua costa.[212] É a única Marinha da América Latina que opera um porta-aviões, o NAe São Paulo,[213] e uma das dez marinhas do mundo a operar tal tipo de navio.[214]
Já o Exército Brasileiro é responsável pelas operações militares por terra, possui o maior efetivo da América Latina, contando com uma força de cerca de 290 000 soldados. Também possui a maior quantidade de veículos blindados da América do Sul, somados os veículos blindados para transporte de tropas e carros de combate principais.[214] Possui uma grande unidade de elite especializada em missões não convencionais, a Brigada de Operações Especiais, única na América Latina,[215][216][217] além de uma Força de Ação Rápida Estratégica, formada por unidades de elite altamente mobilizáveis e preparadas (Brigada de Operações Especiais, Brigada de Infantaria Paraquedista,[218][219] 1º Batalhão de Infantaria de Selva (Aeromóvel)[220] e 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel)[221]) para atuar em qualquer parte do território nacional, em curto espaço de tempo, na hipótese de agressão externa.[222] Além disso, possui unidades de elite especialistas em combates em biomas característicos do território brasileiro como o pantanal (17º Batalhão de Fronteira),[223] a caatinga (72º Batalhão de Infantaria Motorizado),[224][225] montanha (11º Batalhão de Infantaria de Montanha)[225] e a selva. As unidades de selva possuem renome internacional, reconhecidas como as melhores unidades de combate nesse ambiente do mundo.[225] São formadas por índios da região amazônica e por militares oriundos de outras regiões, profissionais especialistas em guerra na selva[226] pelo Centro de Instrução de Guerra na Selva. Essas unidades são enquadradas pelas 1ª, 2ª, 16ª, 17ª e 23ª Brigada de Infantaria de Selva. Por fim, como o Brasil adota o serviço militar obrigatório, sua força militar é uma das maiores do mundo com efetivo calculado em mais de 1 600 000 homens em idades de reservista por ano.[227]
Subdivisões
As unidades da federação são agrupadas em cinco regiões geográficas: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul. Essa divisão tem caráter legal e foi proposta, na sua primeira forma, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1969. Além da proximidade territorial, o IBGE levou em consideração apenas aspectos naturais na divisão do país, como clima, relevo, vegetação e hidrografia; por essa razão, as regiões também são conhecidas como "regiões naturais do Brasil".[229] As regiões, mesmo quando definidas por lei, não possuem personalidade jurídica própria, nem os cidadãos elegem representantes da região. Não há, portanto, qualquer tipo de autonomia política das regiões brasileiras como há em outros países.[9]
As unidades federativas são entidades subnacionais autônomas (autogoverno, autolegislação e autoarrecadação) dotadas de governo e constituição próprios que juntas formam a República Federativa do Brasil.[9] Atualmente o Brasil é dividido política e administrativamente em 27 unidades federativas, sendo 26 estados e um distrito federal.[9] O Poder Executivo é exercido por um governador eleito quadrienalmente. O Poder Judiciário é exercido por tribunais estaduais de primeira e segunda instância que cuidam da justiça comum.[9] O Distrito Federal tem características comuns aos estados-membros e aos municípios. Ao contrário dos estados-membros, não pode ser dividido em municípios. Por outro lado, pode arrecadar tributos atribuídos como se fosse um estado e, também, como município.[9]
Os municípios são uma circunscrição territorial dotada de personalidade jurídica e com certa autonomia administrativa, sendo as menores unidades autônomas da Federação. Cada município tem sua própria Lei Orgânica que define a sua organização política, mas limitada pela Constituição Federal.[9] Há cerca de 5 565 municípios em todo território nacional, alguns com população maior que a de vários países do mundo (cidade de São Paulo com cerca de 11 milhões de habitantes), outros com menos de mil habitantes; alguns com área maior do que vários países no mundo (Altamira, no Pará, é quase duas vezes maior que Portugal), outros com menos de quatro quilômetros quadrados.
Antártida brasileira
Em 1986 o país estabeleceu uma base no continente, base essa que passou a ter o nome de "Comandante Ferraz" e que serve de base para pesquisas científicas no continente. As instalações da base são capazes de abrigar 46 pessoas.[231]
Zona econômica exclusiva
Economia
O Brasil atrelou a sua moeda, o real, ao dólar americano em 1994. No entanto, após a crise financeira da Ásia Oriental, a crise russa em 1998[243] e uma série de eventos adversos financeiros que se seguiram, o Banco Central do Brasil alterou temporariamente sua política monetária para um regime de flutuação gerenciada, enquanto atravessava uma crise de moeda, até que definiu a modificação do regime de câmbio livre flutuante em janeiro de 1999.[244] O país recebeu um pacote de resgate de US$ 30,4 bilhões do Fundo Monetário Internacional, em meados de 2002,[245] uma soma recorde. O Banco Central brasileiro pagou o empréstimo do FMI em 2005, embora pudesse pagar a dívida até 2006.[246] Uma das questões que o Banco Central do Brasil recentemente tratou foi um excesso de fluxos especulativos de capital de curto prazo para o país, o que pode ter contribuído para uma queda no valor do dólar frente ao real durante esse período.[247] No entanto, o investimento estrangeiro direto (IED), relacionado a longo prazo, menos investimento especulativo em produção, estima-se ser de US$ 193,8 bilhões para 2007.[248] O monitoramento e controle da inflação atualmente desempenha um papel importante nas funções do Banco Central de fixar as taxas de juro de curto prazo como uma medida de política monetária.[249] Entre as Empresas mais conhecidas do Brasil estão: Brasil Foods, Perdigão, Sadia e JBS (setor alimentício); Embraer (setor aéreo); Havaianas e Calçados Azaléia (calçados); Petrobras (setor petroleiro); Companhia Vale do Rio Doce (mineração); Marcopolo e Busscar (carroceiras); Gerdau (siderúgicas); Organizações Globo (comunicação). O Brasil é visto por muitos economistas como um país com grande potencial de desenvolvimento, assim como a Rússia, Índia e China, os países BRIC. Alguns especialistas em economia, como o analista Peter Gutmann, afirmam que em 2050 o Brasil poderá vir a atingir estatisticamente o padrão de vida verificado em 2005 nos países da Zona Euro.[250] De acordo com dados do Goldman Sachs, o Brasil atingirá em 2050 um PIB de US$ 11.366.000 e PIB per capita de US$ 49.759, a quarta maior economia do planeta.[251]
Componentes
A agricultura e setores aliados, como a silvicultura, exploração florestal e pesca contabilizaram 6,1% do produto interno bruto em 2007,[259] um desempenho que põe o agronegócio em uma posição de destaque na balança comercial do Brasil, apesar das barreiras comerciais e das políticas de subsídios adotadas pelos países desenvolvidos.[260]
Em relatório divulgado em 2010 pela OMS, o Brasil é o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e União Europeia.[252]
A indústria de automóveis, aço, petroquímica, computadores, aeronaves e bens de consumo duradouros contabilizam 30,8% do produto interno bruto brasileiro.[259] A atividade industrial está concentrada geograficamente nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Campinas, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, Salvador, Recife e Fortaleza.[262] O país responde por três quintos da produção industrial da economia sul-americana e participa de diversos blocos econômicos como: o Mercosul, o G-22 e o Grupo de Cairns.
O Brasil comercializa regularmente com mais de uma centena de países, sendo que 74% dos bens exportados são manufaturas ou semimanufaturas. Os maiores parceiros são: União Europeia (com 26% do saldo); Mercosul e América Latina (25%); Ásia (17%) e Estados Unidos (15%). Um setor dos mais dinâmicos nessa troca é o de agronegócio, que mantém o Brasil entre os países com maior produtividade no campo.
Dono de sofisticação tecnológica, o país desenvolve de submarinos a aeronaves, além de estar presente na pesquisa aeroespacial, possuindo um Centro de Lançamento de Veículos Leves e sendo o único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe de construção da Estação Espacial Internacional (ISS). Pioneiro na pesquisa de petróleo em águas profundas, de onde extrai 73% de suas reservas, foi a primeira economia capitalista a reunir, no seu território, as dez maiores empresas montadoras de automóveis.[263]
Turismo
Os gastos dos turistas estrangeiros em visita ao Brasil alcançaram 5,8 bilhões de dólares em 2008, 16,8% a mais do que em 2007.[267] O país abarcou 3,4% do fluxo turístico internacional no continente americano em 2008.[265] Em 2005, o turismo contribuiu com 3,2% das receitas nacionais advindas da exportação de bens e serviços, responsável pela criação de 7% dos empregos diretos e indiretos na economia brasileira.[268] Em 2006, estima-se que 1,87 milhão de pessoas foram empregadas no setor, com 768 mil empregos formais (41%) e 1,1 milhão de ocupações informais (59%).[269]
O turismo doméstico representa uma parcela fundamental do setor, contabilizando 51 milhões de viagens em 2005.[270]
Infraestrutura
Educação
Segundo dados do PNAD, em 2007, a taxa de literacia da população brasileira foi de 90%, significando que 14,1 milhões (10% da população) de pessoas ainda são analfabetas no país; já o analfabetismo funcional atingiu 21,6% da população.[5] O analfabetismo é mais elevado no Nordeste, onde 19,9% da população é analfabeta.[272] Ainda segundo o PNAD, o percentual de pessoas na escola, em 2007, foi de 97% na faixa etária de 6 a 14 anos e de 82,1% entre pessoas de 15 a 17 anos, enquanto o tempo médio total de estudo entre os que têm mais de 10 anos foi, em média, de 6,9 anos.[5]
O ensino superior começa com a graduação ou cursos sequenciais, que podem oferecer opções de especialização em diferentes carreiras acadêmicas ou profissionais. Dependendo de escolha, os estudantes podem melhorar seus antecedentes educativos com cursos de pós-graduação Stricto Sensu ou Lato Sensu.[271][273] Para frequentar uma instituição de ensino superior, é obrigatório, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, concluir todos os níveis de ensino adequados às necessidades de todos os estudantes dos ensinos infantil, fundamental e médio,[274] desde que o aluno não seja portador de nenhuma deficiência, seja ela física, mental, visual ou auditiva.[275]
Ciência e tecnologia
A pesquisa tecnológica no Brasil é em grande parte realizada em universidades públicas e institutos de pesquisa. Alguns dos mais notáveis polos tecnológicos do Brasil são os institutos Oswaldo Cruz, Butantan, Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e o INPE.
O Brasil tem o mais avançado programa espacial da América Latina, com recursos significativos para veículos de lançamento, e fabricação de satélites.[278] Em 14 de outubro de 1997, a Agência Espacial Brasileira assinou um acordo com a NASA para fornecer peças para a ISS.[279] Este acordo possibilitou ao Brasil treinar seu primeiro astronauta. Em 30 de março de 2006 o Cel. Marcos Pontes a bordo do veículo Soyuz se transformou no primeiro astronauta brasileiro e o terceiro latino-americano a orbitar nosso planeta.[280]
O urânio enriquecido na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), de Resende, no estado do Rio de Janeiro, atende a demanda energética do país. Existem planos para a construção do primeiro submarino nuclear do país.[282] O Brasil também é um dos três países da América Latina[283] com um laboratório Síncrotron em operação, um mecanismo de pesquisa da física, da química, das ciências dos materiais e da biologia.[284] Segundo o Relatório Global de Tecnologia da Informação 2009–2010 do Fórum Econômico Mundial, o Brasil é o 61º maior desenvolvedor mundial de tecnologia da informação.[285]
O Brasil também tem um grande número de notáveis personalidades científicas e inventores das mais diversas áreas do conhecimento, como os padres Bartolomeu de Gusmão,[286] Roberto Landell de Moura[286] e Francisco João de Azevedo, Santos Dumont,[287] Conrado Wessel, César Lattes,[288] Andreas Pavel, Nélio José Nicolai, Nelson Bardini, Vital Brasil,[289] Carlos Chagas,[290] Oswaldo Cruz,[291] Henrique da Rocha Lima,[292] Mauricio Rocha e Silva[293] e Euryclides Zerbini.[286]
Transportes
Os primeiros investimentos na infraestrutura rodoviária deram-se na década de 1920, no governo de Washington Luís, sendo prosseguidos no governo Vargas e Gaspar Dutra.[297] O presidente Juscelino Kubitschek (1956–1961), que concebeu e construiu a capital Brasília, foi outro incentivador de rodovias. Kubitschek foi responsável pela instalação de grandes fabricantes de automóveis no país (Volkswagen, Ford e General Motors chegaram ao Brasil durante seu governo) e um dos pontos utilizados para atraí-los era, evidentemente, o apoio à construção de rodovias. Hoje, o país tem instalados em seu território outros grandes fabricantes de automóveis, como Fiat, Renault, Peugeot, Citroën, Chrysler, Mercedes-Benz, Hyundai e Toyota. O Brasil é o sétimo mais importante país da indústria automobilística.[298]
Existem cerca de 4 000 aeroportos e aeródromos no Brasil, sendo 721 com pistas pavimentadas, incluindo as áreas de desembarque.[295] O país tem o segundo maior número de aeroportos em todo o mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.[295][299] O Aeroporto Internacional de Guarulhos, localizado na Região Metropolitana de São Paulo, é o maior e mais movimentado aeroporto do país, grande parte dessa movimentação deve-se ao tráfego comercial e popular do país e ao fato de que o aeroporto liga São Paulo a praticamente todas as grandes cidades de todo o mundo. O Brasil tem 34 aeroportos internacionais e 2 464 aeroportos regionais.[300]
O país possui uma extensa rede ferroviária de 28.857 km de extensão, a décima maior rede do mundo.[295] Atualmente o governo brasileiro, diferentemente do passado, procura incentivar esse meio de transporte; um exemplo desse incentivo é o projeto do Trem de Alta Velocidade Rio-São Paulo, um trem-bala que vai ligar as duas principias metrópoles do país. Há 37 grandes portos no Brasil, dentre os quais o maior é o Porto de Santos.[301] O país também possui 50.000 km de hidrovias.[295]
Saúde
Energia
Ao longo das últimas três décadas o Brasil tem trabalhado para criar uma alternativa viável à gasolina. Com o seu combustível à base de cana-de-açúcar, a nação pode se tornar energicamente independente neste momento. O Pró-álcool, que teve origem na década de 1970, em resposta às incertezas do mercado do petróleo, aproveitou sucesso intermitente. Ainda assim, grande parte dos brasileiros utilizam os chamados "veículos flex", que funcionam com etanol ou gasolina, permitindo que o consumidor possa abastecer com a opção mais barata no momento, muitas vezes o etanol.[307]
Os países com grande consumo de combustível como a Índia e a China estão seguindo o progresso do Brasil nessa área.[308] Além disso, países como o Japão e Suécia estão importando etanol brasileiro para ajudar a cumprir as suas obrigações ambientais estipuladas no Protocolo de Quioto.[309]
O Brasil possui a segunda maior reserva de petróleo bruto na América do Sul e é um dos produtores de petróleo que mais aumentaram sua produção nos últimos anos.[310] O país é um dos mais importantes do mundo na produção de energia hidrelétrica. Da sua capacidade total de geração de eletricidade, que corresponde a 90 mil megawatts, a energia hídrica é responsável por 66.000 megawatts (74%).[311] A energia nuclear representa cerca de 3% da matriz energética do Brasil.[312] O Brasil pode se tornar uma potência mundial na produção de petróleo, com grandes descobertas desse recurso nos últimos tempos na Bacia de Santos.[313][314][315]
Comunicação
A Gazeta do Rio de Janeiro, o primeiro jornal publicado em território nacional,[320] começa a circular em 10 de setembro de 1808. Atualmente a imprensa escrita consolidou-se como um meio de comunicação em massa e produziu grandes jornais que hoje estão entre as maiores do país e do mundo como a Folha de S. Paulo, O Globo e o Estado de S. Paulo, e publicações das editoras Abril e Globo.[321]
A rádio surge no Brasil em 7 de setembro de 1922,[322] sendo a primeira transmissão um discurso do então presidente Epitácio Pessoa, porém a instalação do rádio de fato ocorreu apenas em 20 de abril de 1923 com a criação da "Rádio Sociedade do Rio de Janeiro". Na década de 1930 começa a era comercial do rádio, com a permissão de comerciais na programação, trazendo contratação de artistas e desenvolvimento técnico para o setor. Com o surgimento das radionovelas e da popularização da programação, na década de 1940, começa a chamada era de ouro do rádio brasileiro, que trouxe um impacto na sociedade brasileira semelhante ao que a televisão produz hoje. Com a criação da televisão o rádio passa por transformações, os programas de humor, os artistas, as novelas e os programas de auditório são substituídos por músicas e serviços de utilidade pública. Na década de 1960 surgem as rádios FM que trazem muito mais músicas para o ouvinte.[323]
A televisão no Brasil começou, oficialmente, em 18 de setembro de 1950,[324] trazida por Assis Chateaubriand que fundou o primeiro canal de televisão no país, a TV Tupi. Desde então a televisão cresceu no país, criando grandes redes como a Globo, Record, SBT e Bandeirantes. Hoje, a televisão representa um fator importante na cultura popular moderna da sociedade brasileira. A televisão digital no Brasil teve início às 20h30min de 2 de dezembro de 2007, inicialmente na cidade de São Paulo, pelo padrão japonês.[325]
Cultura
A literatura brasileira surgiu a partir da atividade literária incentivada pelos jesuítas após o descobrimento do Brasil durante o século XVI.[331] Bastante ligada, de princípio, à literatura metropolitana, ela foi ganhando independência com o tempo, iniciando o processo durante o século XIX com os movimentos romântico e realista e atingido o ápice com a Semana de Arte Moderna em 1922, caracterizando-se pelo rompimento definitivo com as literaturas de outros países, formando-se, portanto, a partir do Modernismo e suas gerações as primeiras escolas de escritores verdadeiramente independentes. São dessa época grandes nomes como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Guimarães Rosa, Clarice Lispector e Cecília Meireles.
A cozinha brasileira varia muito de acordo com a região, refletindo a combinação de populações nativas e de imigrantes pelo país. Isto criou uma cozinha nacional marcada pela preservação das diferenças regionais.[332] Os exemplos são a feijoada, considerado o prato nacional do país;[333][334] e os alimentos regionais, como vatapá, moqueca, polenta e acarajé. O Brasil tem uma grande variedade de doces como brigadeiros e beijinhos. A bebida nacional é o café, e a cachaça é uma bebida destilada nativa do Brasil. A cachaça é destilada a partir de cana-de-açúcar e é o ingrediente principal do coquetel nacional, a Caipirinha.[335]
A arte brasileira tem sido desenvolvida, desde o século XVI, em diferentes estilos que variam do barroco (o estilo dominante no Brasil até o início do século XIX)[336][337] para o romantismo, modernismo, expressionismo, cubismo, surrealismo e abstraccionismo.
O cinema brasileiro remonta ao nascimento da mídia no final do século XIX e ganhou um novo patamar de reconhecimento internacional nos últimos anos.[338]
A música brasileira engloba vários estilos regionais influenciados por formas africanas, europeias e ameríndias. Ela se desenvolveu em estilos diferentes, entre eles, samba, música popular brasileira, choro, sertanejo, brega, forró, frevo, maracatu, bossa nova, rock brasileiro e axé.
Esporte
Embora não sejam tão praticados e acompanhados como os esportes citados anteriormente, tênis, handebol, natação e ginástica têm encontrado muitos seguidores brasileiros ao longo das últimas décadas. Algumas variações de esportes têm suas origens no Brasil. Futebol de praia,[340] futsal (versão oficial do futebol indoor)[341] e futevôlei emergiram de variações do futebol.
Nas artes marciais, os brasileiros têm desenvolvido a capoeira,[342] vale-tudo,[343] e o jiu-jitsu brasileiro,[344] entre outras lutas marciais brasileiras.
No automobilismo, pilotos brasileiros ganharam o campeonato mundial de Fórmula 1 oito vezes: Emerson Fittipaldi, em 1972 e 1974;[345] Nelson Piquet, em 1981, 1983 e 1987;[346] e Ayrton Senna, em 1988, 1990 e 1991.[347]
O Brasil já organizou eventos esportivos de grande escala: o país organizou e sediou a Copa do Mundo FIFA de 1950, na qual foi o vice-campeão[348] e foi escolhido para sediar a Copa do Mundo FIFA de 2014.[349] O circuito localizado em São Paulo, Autódromo José Carlos Pace, organiza anualmente o Grande Prêmio do Brasil.[350] São Paulo organizou os Jogos Pan-americanos de 1963 e o Rio de Janeiro organizou os Jogos Pan-americanos de 2007. Além disso, o país vai sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, que serão realizados na cidade do Rio de Janeiro.[351]
Feriados
Data | Nome | Observações |
---|---|---|
1° de janeiro | Confraternização Universal | Início do ano civil |
21 de abril | Tiradentes | Em homenagem ao mártir da Inconfidência Mineira |
1° de maio | Dia do Trabalhador | Homenagem a todos os trabalhadores |
7 de setembro | Independência | Proclamação da Independência em relação a Portugal |
2 de novembro | Finados | Dia de memória aos mortos |
12 de outubro[353] | Nossa Senhora Aparecida | Padroeira do Brasil |
15 de novembro | Proclamação da República | Transformação do Império em República |
25 de dezembro | Natal | Celebração do nascimento de Cristo |
Data | Observações |
---|---|
Carnaval | Tradicional festa popular que precede a Quaresma católica; embora não seja um feriado nacional, o carnaval brasileiro é marcado pelo feriado na terça-feira anterior à quarta-feira de cinzas, porém tradicionalmente não há trabalho na segunda-feira anterior também, formando assim os 4 dias de carnaval.[354] |
Sexta-feira santa[355] | Data cristã na qual a morte de Cristo é lembrada. |
Corpus Christi | Data em que a Igreja Católica comemora com Procissão Solene o Sacramento da Eucaristia, devido à impossibilidade de fazê-lo no dia de sua instituição, a Quinta-Feira Santa, uma vez que na Semana Santa não se recomendam manifestações de júbilo. |
Data | Observações |
---|---|
Eleições | O primeiro turno, desde a edição da Lei nº 9.504/97, ocorre sempre no primeiro domingo do mês de outubro. Caso seja necessário um segundo turno, este ocorrerá no último domingo do mesmo mês. As eleições no Brasil ocorrem a cada quatro anos. Para os cargos de vereador e prefeito dos municípios, ocorrem nos anos bissextos. Para os cargos de deputado estadual, governador de estado, deputado federal, senador e presidente da república, ocorrem 2 anos após as eleições municipais.[356] |
Ver também
- Brasil como superpotência emergente
- Favelas no Brasil
- Hierarquia urbana do Brasil
- Hino Nacional Brasileiro
- História da industrialização no Brasil
- HIV/AIDS no Brasil
- Homossexualidade no Brasil
- Interior do Brasil
- Lista de países
- Lista de países da América do Sul por população
- Lista de universidades federais do Brasil
- Mercado Comum do Sul
- Missões diplomáticas do Brasil
- Missões diplomáticas no Brasil
- Nacionalidade brasileira
- Propostas de novas unidades federativas do Brasil
- Armas de destruição em massa
Notas
- ↑ a b A língua oficial da República Federativa do Brasil é o português (Art. 13 da Constituição da República Federativa do Brasil). É ainda reconhecida e protegida oficialmente e a língua brasileira de sinais (lei n° 10.436 de 24 de abril de 2002). Além disso, as línguas tucano, nhengatu e baniua são reconhecidas oficialmente no município de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e a língua alemã é reconhecida como cooficial secundária no município de Pomerode, em Santa Catarina.
- ↑ Como no exemplo do website nacional.
- ↑ O nome da moeda brasileira atual veio de uma antiga moeda que existiu até 1942.
Referências
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Leitura adicional
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- The World Almanac and Book of Facts: Brazil. New York, NY: World Almanac Books, 2006.
Ligações externas
- Governo Federal (em português)
- Senado Federal (em português)
- Câmara dos Deputados (em português)
- Presidência da República Federativa do Brasil (em português)
- Supremo Tribunal Federal (em português)
- Chefe de Estado e Membros de gabinete
- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- Brazil no The World Factbook
- Brasil na UCB Libraries GovPubs
- Brasil no Open Directory Project
- Perfil país da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos (1997)
- Guia de viagens sobre Brasil no Wikitravel.
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